Golpes online mais comuns contra idosos e como se proteger

1. Introdução

A internet se tornou uma parte essencial do nosso dia a dia, e isso inclui também os idosos, que estão cada vez mais conectados. Seja para conversar com a família pelo WhatsApp, assistir a vídeos no YouTube ou resolver questões bancárias, o número de pessoas idosas que usam a internet vem crescendo de forma expressiva. De acordo com dados do IBGE, mais de 60% das pessoas com 60 anos ou mais já acessam a internet no Brasil — um avanço importante na inclusão digital.

Por outro lado, esse aumento de usuários também chamou a atenção de golpistas. Infelizmente, os idosos estão entre os principais alvos de fraudes online. Segundo um levantamento da Febraban, cerca de 30% dos golpes digitais aplicados no país têm como vítimas pessoas acima dos 60 anos. Os criminosos se aproveitam da falta de familiaridade com a tecnologia, da boa-fé e, muitas vezes, do isolamento social dos idosos para aplicar os mais diversos tipos de fraudes.

Por isso, é fundamental falar sobre esse assunto. A informação é uma poderosa aliada na prevenção: quanto mais as pessoas souberem sobre os perigos e souberem identificar sinais de golpe, menores são as chances de caírem em armadilhas.

O objetivo deste artigo é exatamente esse: conscientizar e orientar. Vamos apresentar os golpes online mais comuns contra idosos e, principalmente, mostrar como se proteger. Este conteúdo também é útil para familiares e cuidadores que desejam ajudar seus entes queridos a navegar pela internet de forma mais segura.

2. Por que os idosos são alvos frequentes de golpes online

Infelizmente, os criminosos digitais costumam mirar justamente nas pessoas mais vulneráveis. E, entre os principais alvos, estão os idosos. Mas por que isso acontece com tanta frequência? Existem alguns fatores que ajudam a explicar esse cenário:

2.1 Falta de familiaridade com tecnologia e redes sociais

Muitas pessoas idosas não cresceram usando computadores, celulares ou navegando na internet. Para elas, certos conceitos como “phishing”, “spoofing” ou “segurança de dois fatores” ainda são novidades. Essa falta de familiaridade pode fazer com que não percebam os sinais de alerta de um golpe — como um link suspeito ou uma mensagem falsa disfarçada de banco. Além disso, a constante mudança nas plataformas digitais pode confundir e dificultar o uso seguro dessas ferramentas.

2.2 Tendência a confiar mais facilmente em estranhos online

Os idosos vêm de uma época em que as relações eram mais baseadas na confiança e no contato pessoal. Essa característica, embora positiva, pode ser explorada por golpistas que se passam por parentes, empresas ou até autoridades. Muitos golpes envolvem apelos emocionais e urgência, como “é seu neto” pedindo ajuda financeira. Por não imaginarem que alguém seria capaz de enganar intencionalmente, acabam acreditando.

2.3 Isolamento social e emocional como fator de vulnerabilidade

O isolamento, que afeta muitos idosos, principalmente os que vivem sozinhos ou têm mobilidade reduzida, também contribui para a vulnerabilidade. A internet pode ser uma fonte de companhia e interação — o que, por um lado, é muito positivo, mas por outro, pode abrir espaço para contatos perigosos. Golpistas muitas vezes se aproveitam da carência emocional para estabelecer laços falsos e manipular a vítima com mais facilidade.

3. Golpes online mais comuns contra idosos

A criatividade dos golpistas não tem limites, mas alguns tipos de fraude se repetem com frequência — especialmente contra o público idoso. Conhecer esses golpes é o primeiro passo para evitá-los. Abaixo, listamos os principais:

3.1. Golpe do falso parente ou amigo (WhatsApp ou ligação)

Esse golpe ocorre geralmente por meio do WhatsApp ou ligações telefônicas. O criminoso se passa por um filho, neto ou amigo, muitas vezes dizendo que trocou de número. Ele inventa uma situação urgente (como um acidente, dívida ou bloqueio do banco) e pede dinheiro emprestado.
Exemplo prático: A vítima recebe uma mensagem: “Oi, vó! Troquei de número, pode salvar? Tô precisando de uma ajuda urgente, tive um problema no banco e preciso fazer um PIX de R$ 1.500, você pode me ajudar?”

3.2. Phishing: e-mails ou mensagens falsas de bancos ou empresas conhecidas

Nesse tipo de golpe, o criminoso envia um e-mail ou mensagem que parece ser de um banco, loja online, operadora de celular ou serviço conhecido (como Receita Federal ou Serasa). O objetivo é enganar a vítima para que clique em um link falso e forneça dados pessoais, senhas ou informações bancárias.
Exemplo prático: Um e-mail com o logo do banco diz: “Detectamos uma movimentação suspeita na sua conta. Clique aqui para confirmar sua identidade”. Ao clicar, a vítima é levada a um site falso.

3.3. Golpes de compras online falsas (lojas inexistentes ou promoções milagrosas)

Ofertas muito boas podem esconder armadilhas. Sites falsos anunciam produtos com preços muito abaixo do normal, mas, após o pagamento, o produto nunca chega — ou nem sequer existe.
Exemplo prático: Uma loja no Instagram oferece um celular novo por R$ 499, com “frete grátis”. A vítima faz o pagamento via boleto ou PIX e depois percebe que o site sumiu ou não responde mais.

3.4. Golpe do falso técnico ou suporte remoto

Esse golpe começa com uma ligação, e-mail ou pop-up no computador dizendo que há um problema grave no dispositivo da vítima. O golpista se passa por técnico da Microsoft, do banco ou da operadora e pede para instalar um programa de acesso remoto. Assim, ele assume o controle do computador e pode roubar senhas ou fazer transferências.
Exemplo prático: O idoso vê uma mensagem na tela: “Seu computador está infectado! Ligue imediatamente para o suporte”. Ao ligar, o “técnico” pede para instalar um programa e depois “corrige” o problema — mas na verdade rouba informações.

3.5. Falsos sorteios, brindes e pesquisas premiadas

Aqui, o golpe promete prêmios em troca de um simples cadastro. Pode aparecer como mensagem no WhatsApp, Facebook ou até e-mail. Os criminosos pedem dados pessoais, número de cartão ou até um valor simbólico para “liberar” o prêmio.
Exemplo prático: Uma mensagem no WhatsApp diz: “Parabéns! Você foi sorteado pela Farmácia Popular. Clique aqui para resgatar seu prêmio!”. Ao clicar, a vítima é levada a um formulário que pede CPF, endereço e até dados bancários.

3.6. Investimentos falsos ou pirâmides financeiras digitais

Promessas de lucro fácil e rápido costumam atrair muitas vítimas. Os golpistas oferecem investimentos em criptomoedas, ações ou “negócios secretos”, garantem retornos de 10% ou mais por mês e pedem que a pessoa convide amigos para participar. Esses esquemas costumam ser pirâmides financeiras, que desmoronam quando os pagamentos param.
Exemplo prático: Um idoso vê um vídeo nas redes sociais com alguém dizendo que investiu R$ 1.000 e teve retorno de R$ 5.000 em um mês. Ele entra em contato, transfere o dinheiro — e depois nunca mais consegue falar com o suposto “consultor”.

4. Como identificar um golpe online

Reconhecer os sinais de um golpe é essencial para se proteger. Muitas fraudes digitais seguem um padrão e apresentam indícios claros de que algo não está certo. Com atenção a alguns detalhes, é possível evitar prejuízos e manter a segurança nas interações online. Veja os principais sinais de alerta e o que fazer para verificar a veracidade de uma mensagem ou oferta.

Sinais de alerta: fique atento ao comportamento do golpista

  • Urgência e pressão para agir rápido: Golpistas costumam criar situações que exigem uma ação imediata, como “faça agora ou você perde o prêmio”, ou “me ajuda agora senão vou ser preso”. Isso impede que a pessoa pare para pensar ou consultar alguém.
  • Erros de português e mensagens mal formuladas: Golpes muitas vezes contêm erros de gramática, frases confusas ou traduções malfeitas. Isso acontece porque os criminosos usam modelos prontos ou estão fora do país.
  • Links estranhos e endereços suspeitos: Antes de clicar, passe o mouse sobre o link (no computador) ou pressione e segure (no celular) para ver o endereço completo. Se o link for cheio de números, palavras sem sentido ou terminar em “.xyz”, desconfie.
  • Pedidos de dinheiro ou informações pessoais: Mensagens pedindo PIX, número de cartão, senha ou código de confirmação devem sempre ser vistas com desconfiança — principalmente se vierem de “novos números” ou “perfis diferentes”.

Verificações simples que fazem a diferença

  • Pesquise o número ou nome na internet: Basta jogar no Google ou em aplicativos como “Quem Me Ligou” para descobrir se outras pessoas já denunciaram aquele número.
  • Cheque sempre o site oficial: Ao receber um e-mail ou promoção, não clique diretamente. Vá ao navegador e digite o endereço do site oficial da empresa. Se for verdade, a informação estará lá.
  • Ligue para o banco ou empresa diretamente: Ao receber uma suposta mensagem do banco, entre em contato pelos canais oficiais. Nunca use o telefone ou link enviados na própria mensagem.

Desconfie de tudo que parece “bom demais pra ser verdade”

Golpistas sabem que promessas tentadoras chamam atenção. Se alguém oferece um celular de última geração por R$ 200, rendimento garantido de 10% ao mês ou prêmios sem que você tenha participado de nenhum sorteio — desconfie. Na dúvida, não clique, não pague e não forneça informações. Fale com alguém da família ou procure ajuda antes de tomar qualquer decisão.

5. Como se proteger de golpes online

Evitar golpes online não exige conhecimentos técnicos avançados. Com algumas atitudes simples no dia a dia digital, é possível navegar com mais segurança e evitar cair em armadilhas. Veja a seguir orientações práticas que ajudam a manter sua segurança na internet.

5.1. Dicas básicas de segurança digital

5.1.1 Senhas fortes e diferentes para cada conta

Use senhas longas, com letras maiúsculas, minúsculas, números e símbolos. Evite usar datas de nascimento ou nomes de familiares. E nunca use a mesma senha para tudo — se um site for invadido, suas outras contas ficam em risco.

5.1.2 Uso de antivírus e atualização de sistemas

Mantenha sempre um bom antivírus instalado e atualizado em seu computador e celular. Atualizar o sistema operacional e os aplicativos também é importante, pois isso corrige falhas que podem ser exploradas por golpistas.

5.1.3 Nunca clicar em links suspeitos

Se você receber um link por e-mail, WhatsApp ou redes sociais e não tiver certeza da origem, não clique. Confirme com a pessoa que enviou, verifique o endereço do site ou ignore a mensagem.

5.2. Protegendo o WhatsApp e redes sociais

5.2.1 Verificação em duas etapas

Ative a verificação em duas etapas no WhatsApp, Facebook, Instagram e outras redes. É uma camada extra de segurança que impede que alguém entre na sua conta mesmo que saiba sua senha.

5.2.2 Evitar compartilhar dados pessoais

Evite publicar ou enviar informações como CPF, RG, endereço, número do cartão ou fotos de documentos. Golpistas podem usar esses dados para criar perfis falsos ou aplicar golpes em seu nome.

5.3. Comportamentos seguros ao usar e-mail e fazer compras

5.3.1 Sempre digitar o endereço do site no navegador

Ao fazer compras ou acessar serviços, digite o endereço diretamente no navegador (como www.nomedosite.com.br). Não clique em links enviados por mensagens ou e-mails desconhecidos.

5.3.2 Preferir sites com “https”

Verifique se o site tem o cadeado de segurança ao lado do endereço e começa com “https://”. Isso indica que a conexão é segura e criptografada.

5.3.3 Desconfiar de ofertas enviadas por e-mail ou redes sociais

Promoções muito agressivas, como “TV de 50 polegadas por R$ 200”, geralmente são armadilhas. Na dúvida, entre em contato com a loja oficial ou ignore a oferta.

6. O papel da família e da rede de apoio

A prevenção contra golpes online não depende apenas do idoso. O apoio da família, amigos e cuidadores é essencial para fortalecer a segurança digital e oferecer orientação em momentos de dúvida. Ter uma rede de apoio atenta faz toda a diferença.

6.1 Importância de conversar com os idosos sobre o tema

Falar abertamente sobre golpes e fraudes digitais é o primeiro passo. Muitos idosos, por vergonha ou insegurança, não comentam quando recebem mensagens estranhas ou se sentem confusos ao navegar online. Por isso, é importante manter um diálogo constante, com paciência e sem julgamentos. Quanto mais informação eles tiverem, mais preparados estarão para identificar situações de risco.

6.2 Incentivar a perguntar antes de agir

Uma dica simples, mas poderosa: sempre perguntar antes de clicar, pagar ou fornecer qualquer informação. Os idosos devem se sentir à vontade para ligar para um filho, neto ou pessoa de confiança sempre que tiverem dúvidas. Essa pausa pode evitar muitos golpes. Incentive frases como: “Vou perguntar pro meu neto antes de clicar nesse link” ou “Deixa eu confirmar com minha filha antes de responder”.

6.3 Participar do uso da internet com eles

Sempre que possível, acompanhe o uso que o idoso faz da internet. Pode ser ajudando a configurar o celular, revisando as mensagens recebidas ou até navegando juntos pelas redes sociais. Além de reforçar os cuidados de segurança, essa convivência fortalece os laços familiares e dá mais confiança para o idoso explorar o mundo digital com tranquilidade.

7. O que fazer se cair em um golpe

Mesmo com todos os cuidados, é possível que alguém acabe caindo em um golpe online. Nessas horas, o mais importante é agir rápido para minimizar os prejuízos e impedir que outras pessoas também sejam vítimas. Não é motivo de vergonha — os golpistas são cada vez mais sofisticados e enganam até quem tem experiência com tecnologia.

7.1 Passos imediatos: cancelar cartões, registrar BO, avisar o banco

Assim que perceber que caiu em um golpe, siga estas etapas:

  • Cancele imediatamente cartões de crédito e bloqueie contas acessadas. Ligue para o banco e solicite o bloqueio ou cancelamento.
  • Altere as senhas de e-mail, redes sociais e aplicativos bancários.
  • Registre um boletim de ocorrência (BO), que pode ser feito presencialmente ou pela internet, no site da Polícia Civil do seu estado. Isso é importante para ter um documento formal da fraude.
  • Avise o banco ou instituição envolvida e envie cópias do BO e das conversas com o golpista, se possível.

Quanto mais rápido essas ações forem tomadas, maiores as chances de reverter parte do prejuízo ou impedir novos acessos indevidos.

7.2 Onde denunciar: canais oficiais como Procon, Delegacia do Idoso, SaferNet, etc.

Além do banco e da polícia, existem canais específicos que ajudam vítimas de golpes online:

  • Procon: Pode ser acionado para fraudes de consumo (como compras falsas).
  • Delegacia do Idoso: Em casos que envolvem vítimas idosas, essas delegacias oferecem atendimento especializado.
  • SaferNet Brasil (www.safernet.org.br): Plataforma que recebe denúncias de crimes virtuais, como golpes e fraudes.
  • Central de Atendimento do banco: Muitas instituições possuem setores especializados em fraudes e golpes.

Guardar prints (capturas de tela) das mensagens, sites e comprovantes ajuda nas investigações.

7.3 Falar sobre o golpe é importante para evitar que outros também caiam

Muitos idosos se sentem envergonhados ao serem enganados, mas o silêncio pode favorecer os golpistas. Falar com a família, vizinhos e amigos sobre o que aconteceu ajuda a alertar outras pessoas. Compartilhar a experiência pode impedir que outros caiam na mesma armadilha — e também é uma forma de resgatar a autoconfiança e mostrar que todos estão sujeitos a esse tipo de situação.

8. Conclusão

Vivemos em um mundo cada vez mais conectado — e, infelizmente, também mais cheio de armadilhas virtuais. Golpes online estão por toda parte, e ninguém está imune: jovens, adultos, idosos… todos podemos ser enganados. Mas há uma ferramenta poderosa que pode fazer toda a diferença: a informação.

8.1 Todos estamos sujeitos a golpes, mas a informação é a melhor defesa

Golpistas se aproveitam da pressa, da emoção e da falta de conhecimento para agir. Por isso, quanto mais entendermos como esses golpes funcionam, mais preparados estaremos para evitá-los. Não se trata de saber tudo sobre tecnologia, mas sim de aprender a identificar sinais de alerta e ter calma antes de agir.

8.2 Prevenção e diálogo constante fazem a diferença

Conversar com pais, avós, vizinhos ou pessoas próximas sobre golpes digitais deve se tornar parte do dia a dia. Falar sobre segurança online com respeito, paciência e empatia ajuda os idosos a se sentirem mais seguros e confiantes no uso da internet. E lembrar: em caso de dúvida, sempre vale perguntar antes de clicar.

8.3 Compartilhe este artigo e ajude a proteger mais pessoas

Se você achou este conteúdo útil, compartilhe com familiares, amigos, grupos de WhatsApp ou redes sociais. Quanto mais pessoas souberem, menos vítimas existirão. A prevenção começa com pequenos gestos, e a informação pode ser o escudo que protege quem amamos.

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